Bahia promete divulgar relação de jornalistas que receberam dinheiro do clube

O Bahia postou uma nota oficial nas redes sócias, em que promete divulgar uma relação de jornalistas que receberam dinheiro do clube ao longo das últimas gestões.

A prática já havia sido denunciada pela Placar, em 2004, na matéria: “Nas ondas (poluídas) do rádio”. O expediente também foi adotado pelo Vitória, mas desde então nada foi feito pelos clubes.

– Veja a nota oficial emitida pelo Esporte Clube Bahia:

Bahia vai apresentar lista ao conselho

“O Esporte Clube Bahia vem a público reafirmar as declarações do assessor especial da presidência, Sidônio Palmeira, na terça-feira (11), à rádio Metrópole, e informar que possui a documentação dos pagamentos realizados a determinados profissionais da imprensa ao longo das últimas gestões tricolores.

Seguindo os trâmites internos do clube, o material será apresentado na próxima reunião do Conselho Deliberativo para apreciação e o encaminhamento necessário.

As declarações de Sidônio Palmeira estão dentro do novo posicionamento institucional do Bahia, desde o início desta gestão, em setembro, de transparência com o seu torcedor e independência perante os veículos de comunicação.

O clube aproveita, desde já, para esclarecer que em nenhum momento buscou generalizar a situação, bem como para reafirmar que respeita a imprensa esportiva baiana e parabenizar quem faz o bom jornalismo”.

– Confira a matéria publicada na edição 1272 de PLACAR, em julho de 2004:

Nas ondas (poluídas) do rádio

Bahia e Vitória bancam, do próprio bolso, as equipes de esportes das rádios de Salvador. Pode?

Da mesma forma que os técnicos costumam esconder as escalações em jogos decisivos, as cinco emissoras de rádio de Salvador que transmitem futebol (Sociedade, Excelsior e Cristal, na faixa de AM, e Itapoan e 104, em FM) não revelam para os ouvintes uma prática que coloca em cheque sua independência jornalística: todas as emissoras têm parte dos seus custos (passagens, diárias de hotéis e refeições) bancados pelo Vitória e pelo Bahia, os dois maiores clubes do Estado.

Única equipe do Nordeste a participar da Série A do Brasileiro, o Vitória gasta pelo menos 15 mil reais por mês (o mínimo que cada rádio recebe é 3 mil reais, de acordo com a diretoria do clube) com as rádios baianas. No ano passado, as cinco emissoras levaram cerca de 500 mil reais do Vitória (4% do orçamento do clube), segundo o presidente Paulo Carneiro. “Este ano quisemos moralizar o processo e passamos a exigir contrapartida. Com isso, também há a oportunidade de dar mais liberdade às rádios, que ganham mais respeito perante o torcedor”, diz Carneiro.

Mesmo com os cofres vazios e rebaixado à Série B, o Bahia também “colabora” com as rádios, mas com valores bem menores. Agora, em média, o clube banca duas passagens aéreas e ainda dá mais 600 reais para cada emissora.

Para tentar dar ares de transparência ao negócio, os clubes assinaram um contrato com as rádios. “Veiculamos a nossa campanha institucional nas rádios. Em troca, elas recebem uma ajuda de custo para passagem e hospedagem nos jogos do Vitória fora de Salvador”, diz Carneiro.

“Eu não sabia que a situação tinha chegado a este ponto. A diretoria do Bahia alega que não tem dinheiro para saldar os seus compromissos, mas dá uma ajuda de custo para as rádios locais. Isso é um absurdo”, diz um ex-jogador do Bahia, que move uma ação trabalhista contra o clube.

Os jogadores também reclamavam da perda de privacidade, quando os radialistas ficavam hospedados no mesmo hotel do clube. “Eles pareciam que faziam parte da delegação: viajavam no mesmo vôo e comiam na mesma área reservada para o clube”, diz o mesmo jogador. “Joguei em quatro Estados e nunca vi nada parecido. Existe uma dependência muito grande das emissoras, parece que os dirigentes querem comprar elogios. O pior é que, algumas vezes, radialistas pediam dinheiro emprestado no final do mês para mim”, diz um ex-atleta do Vitória.

As emissoras baianas consideram “normal” a verba liberada pelo Vitória e pelo Bahia. “Antigamente, havia uma permuta. Agora, é diferente: o Bahia e o Vitória compram o patrocínio. Existe um contrato de publicidade com os dois times, não há nada para esconder”, diz Mário Freitas, 56 anos, narrador e chefe da equipe da rádio Excelsior.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

http://placar.abril.com.br/

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