Antero Greco, comentarista da ESPN morre aos 69 anos

O jornalista Antero Greco morreu na madrugada desta quinta-feira, 16, aos 69 anos, vítima de um tumor no cérebro, contra o qual lutou por quase dois anos. Ele estava internado no Hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo, havia meses para tratar a doença. Uma das figuras mais conhecidas do jornalismo esportivo, o experiente comentarista marcou época em parceria com Paulo Soares, o Amigão, no comando do programa SportsCenter, da ESPN, e como repórter, editor e colunista do Estadão. Antero deixa a mulher, Leila, e seus dois filhos, João e Maria Cristina.

A despedida de Antero será no Cemitério do Redentor, em São Paulo, ao meio-dia desta quinta-feira. O enterro está previsto para as 16h.

Na última semana, Paulo Soares, parceiro de bancada e de vida de Antero, escreveu um relato emocionado sobre o amigo na coluna do jornalista Juca Kfouri, no Uol. Foi ele que revelou que o quadro de saúde do colega era grave e irreversível. “Infelizmente o meu grande amigo e de todos nós, Antero Greco, está em seus dias finais. Tumor cerebral. Lutou desde junho de 22, mas agora não há mais o que fazer”, relatou.

Nos últimos meses, Antero diminuiu a frequência de suas participações na programação do canal esportivo. O jornalista fazia seus comentários preferencialmente de casa. Ele estava tratando um tumor no cérebro desde junho de 2022 que o impediu que voltasse aos estúdios e trabalhasse plenamente.

Em setembro de 2022, passou mal ao vivo durante o SportsCenter. “Exames foram feitos e se constatou um corpo estranho aqui, na cuca. Fui internado em urgência e operado. Dois meses depois, fazendo exames de rotina, mostrou que sobrou ‘um treco da gororoba’, então deveria ser submetido a uma segunda operação, sem prazo definido”, explicou à época.

“Exame aqui, biópsia aqui e acolá, a coisa ia de ‘médio’ para ‘grave a gravíssimo’ e para ‘coisa muito ruim’, depois foi rebaixado para ‘grave’. Fiz radioterapia e quimioterapia”, disse Antero em maio de 2023, quando voltou a trabalhar ocasionalmente nos estúdios da ESPN.

Trajetória de Antero Greco

Nascido em 2 de junho de 1954, filho de imigrantes italianos e paulistano do bairro do Bom Retiro, onde passou toda a sua vida, Antero Greco poderia ter sido padre. Mas o então adolescente rejeitou a batina e, a contragosto da mãe, Ernestina, e do pai, João, ele rejeitou foi estudar Jornalismo na ECA-USP. Sua escolha estava certa, já que foi um dos mais brilhantes jornalistas esportivos.

Antero dedicou 44 de seus 69 anos ao Estadão, no qual começou a sua carreira, como revisor de anúncios em madrugadas de fim de semana, em 1974.. Na editoria de Esportes, foi repórter, chefe de reportagem, repórter especial, editor assistente, editor e colunista, cargo que ocupou até novembro de 2018, quando encerrou sua “parceria de vida” com a empresa, como escreveu quando deixou o jornal. Camisa das redações esportivas, ele jogou em todas, com elegância, profissionalismo e maestria.

“Por mim, a ESPN terá de me aturar muito tempo ainda, da mesma forma que o Estadão, porque não largo o osso tão facilmente. Só quando ficar velhinho, desde que a gastrite e dores várias deixem. Assim como minha mulher carregará este fardo (leve, vai) por pelo menos mais uns 40 anos. Amém e obrigado”, escreveu o jornalista, em uma de suas centenas de colunas, em 2014.

Sensível, inteligente, altivo e bem-humorado, Antero também trabalhou no Diário Popular e teve breve passagem pelo extinto Popular da Tarde, além da Folha de S.Paulo e da Band, em cujas transmissões comentava o Campeonato Italiano. À época, Antero era um dos que mais conhecia o futebol da Itália no Brasil. Mas as ligações mais fortes do palmeirense Anterito, como era chamado por Paulo Soares, foram mesmo com o Estadão e com a ESPN.

Antero amava literatura e escreveu dois livros: ‘Seleção Nunca Vista’ e ‘A Goleada’. Ele chegou a estudar Letras, também na USP, mas não concluiu a graduação porque quis focar no Jornalismo. Em sua casa, tinha uma coleção de mais de 10 mil exemplares. Cobriu 10 edições de Copa do Mundo, a primeira delas na Espanha, em 1982.

 

 

 

 

 

 

 

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